sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Recepção dos Portugueses em Calecute

"Ao tempo que Vasco da Gama chegou a esta cidade de Calecut [...] mandou a terra o piloto mouro e um degradado, participando a El-Rei a sua chegada e [...] pedindo-lhe que lhe mandasse dizer quando o podia receber [...]Havida esta licença [...] entraram todos numa grande casa térrea, em que estava aquele grande Samorim da província de Malabar.[...] o qual estava em uma sala grande. O chão desta sala era todo coberto de veludo verde e as paredes armadas de panos de seda e ouro de cores. El-Rei estava num leito coberto de um pano de seda branca e ouro, bem lavrado. Era homem de meia idade, baço, alto de corpo e de bom parecer e vestido com um pano lustroso de algodão com rosas de ouro na cabeça, uma carapuça de brocado alta cheia de pérolas e pedrarias. Tinha penduradas nas orelhas arrecadas e nos dedos dos pés e mãos muitos anéis [...] tudo de pérolas e pedraria de muito valor. Vasco da Gama nestas palavras resumiu o que lhe era mandado: "Que era a causa principal que movera El-Rei seu senhor a enviá-lo àquelas partes orientais [...] fora ser muito celebrada a fama da sua real pessoa e da grandeza do seu senhorio [...] e estarem em seu poder a maior parte das especiarias que, por mão dos mouros se navegavam para todas as partes da cristandade, e por que ele tinha descoberto novo caminho para entre eles haver amizade e comércio."Os Mouros que estavam naquela cidade de Calecut por razão do comércio das especiarias, do qual negócio eram senhores, quando viram que a embaixada de Vasco da Gama era a fim do comércio destas especiarias ficaram muito tristes"

João de Barros; "Décadas da Ásia"

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