"[...] Vendo El-Rei seus filhos em idade para tomarem a ordem da cavalaria, determinou fazer todo um ano festas e justas e torneios [...] mas os infantes não se satisfaziam com isto [...]. Estando os Infantes [...] tratando um dia desta matéria, e dando disso parte a João Afonso, vedor da fazenda d'El-Rei [...] lhes disse que se tal vontade tinham lhes indicaria uma coisa em que eles bem e honradamente pudessem mostrar que eram filhos de seu pai e que aquilo era a cidade de Ceuta que tanto mal fazia aos cristãos que passavam o Estreito [...]Os infantes [...] se entusiasmaram tanto que logo o propuseram a El-Rei."
Duarte Nunes de Leão, "Crónica de D. João I"(Adaptado)
"Piedosa coisa era ouvir os gemidos daqueles mouros depois que foram afastados da sombra dos muros da sua cidade [...] chorando a sua perdição [...]- Oh! diziam eles, cidade de Ceuta, flor de todas as outras da terra de África! Onde acharão os teus moradores [...] daqui em diante, os mouros estranhos que vinham da Etiópia e de Alexandria [...] e das Índias e doutras muitas terras [...] cansados de tantas e tão ricas mercadorias? Onde acharão eles outro lugar semelhante onde possam lançar suas âncoras? [...] Quais de nós acharão agora, quando se levantarem das suas casas, as bestas carregadas de seda que nos vinha da cidade de Damasco ou as casas cheias de pedras preciosas das da comunidade de Veneza, ou os grandes sacos de especiaria que nos vinham dos desertos da Líbia? [...]"
Gomes Eanes de Zurara, "Crónica da Tomada de Ceuta"(Adaptado)
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