domingo, 28 de outubro de 2007

Ormuz

A 26 de Março lançaram ferro no porto de Ormuz (...) Era agora valido do rei de Ormuz Raez Hamede...
Afonso de Albuquerque mandou-lhe dizer (...) que "lhe entregasse a fortaleza que ali deixou começada e lhe enviasse os seus governadores com o contrato da entrega que pouco antes o rei Ceifadim lhe fez daquele reino por isso ser necessário ao que havia de combinar-se" (...). Veio o governador Raez Nordim com um sobrinho e, tendo concedido tudo, deu-lhes Afonso algumas peças de honra e preço, e por ele mandou ao rei um colar de ouro não menos valioso por obra do que por matéria. Levou também uma bandeira em que se viam as armas de Portugal para que, desfraldando-a, em lugar alto, constasse por ela a paz estabelecida entre uns e outros. Celebrou-se o acto com artilharia e trombetas de ambas as partes, em testemunho de alegria comum. No domingo de Ramos tomou Albuquerque posse da fortaleza começada, que em poucos dias cresceu muito, e, com alguns capitães, passou às casas que estavam perto (...). Assim ficou aquele rico e formoso reino inteiramente sob a mão portuguesa, antes aumentado que diminuído em relação aos seus próprios reis, pois muito mais lhe levavam as tiranias de seus ministros do que representava o novo tributo com que a reconheciam. Juntava-se a este benefício a segurança que de novo lhes ficava com as nossas armas e o temor delas em toda a Ásia, senão quanto à liberdade sujeita que todas as comodidades faz parecer pequenas.»

Manuel de Faria e Sousa, Epítome de las Historias Portuguesas (1628)

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