"As recordações, os gestos, os nomes ilustres dos autores antigos causam-me uma imensa alegria e considero de tal modo admirável o seu tesouro que, se o mundo pudesse saber, admirar-se-ia que eu tivesse tal prazer em conversar com os mortos e tão pouco com os vivos.
À tarde volto para casa e entro na minha biblioteca. Retiro o meu fato de todos os dias e visto-me como para comparecer nas cortes e diante dos reis. Vestido como deve ser, entro nas cortes antigas dos homens de outrora. Recebem-me com amizade junto deles (...). Sem falsa modéstia eu ouso conversar com eles e perguntar-lhes o motivo das suas acções e a sua humanidade é tão grande que me respondem e durante quatro longas horas não sinto qualquer aborrecimento, esqueço todas as misérias, não receio a pobreza, a morte já não me amedronta. Permaneço inteiramente com eles."
Francesco Petrarca, Cartas Familiares
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