Leonardo da Vinci, sobretudo quando se encontrava ao serviço de Ludovico Sforza, duque de Milão, imaginou a construção de inúmeras armas que, se tivessem chegado a construir-se, teriam revolucionado a arte da guerra. foram os casos de poderosas bestas e catapultas, de uma espécie de carro blindado, ou de armas de fogo de canos múltiplos, como as aqui representadas, que lembram modernas metralhadoras ou as peças de artilharia conhecidas por "órgãos Estaline".
sábado, 26 de janeiro de 2008
sábado, 19 de janeiro de 2008
Automóvel, de Leonardo da Vinci (1495)
Reconstrução virtual e material do primeiro mecanismo que pode ser chamado de automóvel. Um sofisticado mecanismo inventado em 1495 pelo génio italiano Leonardo da Vinci
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Código de Civilidade de Leonardo da Vinci
Há hábitos impróprios que um convidado à mesa do meu Amo não deve contrair, sendo o catálogo que se segue baseado nas observações que fiz daqueles que tomaram assento junto do meu Amo durante o ano que passou:
- Convidado algum se deve sentar em cima da mesa, nem de costas voltadas para ela, nem ao colo de outro comensal.
- Nem deve pôr as pernas em cima da mesa. (...)
- Não deve pôr a cabeça em cima do prato para comer.
- Não deve tirar comida do prato do vizinho, sem primeiro lhe pedir autorização.
- Não deve colocar no prato do vizinho partes desagradáveis ou semimastigadas da sua própria comida, sem primeiro lhe pedir autorização.
- Não deve limpar a sua faca às vestes do vizinho. (...)
- Não deve retirar comida da mesa, colocando-a na bolsa ou na bota para consumo ulterior.
- Não deve dar dentadas nos frutos que se encontram na fruteira, voltando depois a colocá-la na mesma.
- Não deve cuspir na frente do meu Amo. Nem ao seu lado.
- Não deve dar beliscadelas ou palmadas ao vizinho.
- Não deve emitir ruídos resfolegantes ou dar cotoveladas. (...)
- Não deve meter o dedo no nariz ou no ouvido durante a conversação.
- Não deve soltar os seus pássaros em cima da mesa. (...)
- Não deve tanger alaúde ou qualquer outro instrumento que possa importunar o vizinho (a menos que o meu Amo o solicite).
- Não deve cantar, nem fazer discursos, nem proferir impropérios, e ainda menos lançar adivinhas lascivas quando ao seu lado se encontrar uma dama.
- Não deve conspirar à mesa (a menos que seja com o meu Amo).
- Não deve fazer propostas obscenas aos pajens do meu Amo, nem retoiçar com os corpos deles. (...)
- Não deve agredir um serviçal (a menos que seja em defesa própria).
- E se sentir vontade de vomitar, que abandone a mesa.
- Tal como se tiver de urinar.
"Leonardo da Vinci", in Shelag e J. Routh, Notas de Cozinha de Leonardo da Vinci
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Leonardo da Vinci, o inventor do guardanapo?
Leonardo da Vinci escreveu em finais do século XV o seguinte:
"O meu senhor Ludovico tem por costume atar coelhos com fitas às cadeiras dos seus comensais, para que estes possam limpar as mãos engorduradas às costas do animal, costume que considero imprório da época em que vivemos. (...)
Inspeccionando as toalhas de mesa do senhor Ludovico, meu Amo, depois de os comensais terem abandonado a sala do repasto, depara-se-me uma cena de caos e depravação tais (que a nada mais é semelhante senão ao rescaldo de uma batalha) que considero uma prioridade (...) encontrar uma alternativa.
Já disponho de uma. Creio que deveria ser dado a cada um dos comensais um pedaço de pano individual que, depois de sujo pelas mãos e facas, poderia ser dobrado, de forma que não conspurcasse a aparência da mesa com as suas imundícies. Mas que nome hei-de dar a estes panos? e como apresentá-los?"
Leonardo da Vinci encarnou o ideal de homem completo do Renascimento. Ao longo da sua vida, para além da pintura e da arquitectura, interessou-se pela anatomia, pela botânica, pela geologia, pela hidráulica, pela engenharia civil e militar.
As suas experiências, os seus estudos e os seus inventos foram registados em dezenas de cadernos manuscritos, anotados numa escrita muito pessoal, feita da direita para a esquerda e invertida, e ilustrados com desenhos minuciosos. Depois da sua morte, esses cadernos acabaram por se dispersar, permanecendo praticamente desconhecidos durante cerca de 300 anos. Actualmente, fazem parte das colecções de grandes bibliotecas e museus, bem como de colecções particulares (ex. o "Codex Leicester", adquirido por Bill Gates, por 30 milhões de dólares)
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
O interesse pelos estudos clássicos
"Aconselho-te, meu filho, a que empregues bem a juventude e aproveites na virtude e no estudo: a primeira par te distraíres e instruíres agradavelmente, o segundo par te dar saudáveis exemplos e ensinar-te. Quero que aprendas perfeitamente línguas, primeiraramente o grego (...); depois o latim; em seguida o hebreu, para conhecimento das Sagradas Escrituras e, por último o caldeu e o árabe, com o mesmo objectivo. Quanto ao grego, que formes o teu estilo à maneira de Platão; quanto ao latim, à de Cícero. Que não haja história que não conheças, para o que te ajudará a Cosmografia. Das artes liberais, Geometria, aritmética e Música, já te deram noções quando eras pequeno, na idade de cinco ou seis anos. Continua a estudá-las e estuda todas as regras de Astronomia. Põe de lado a Astrologia adivinhatória (...), como coisas tontas e vãs. De direito civil quero que saibas todos os textos e os confiras com a ajuda da Filosofia.
Depois examina cuidadosamente os livros os livros dos médicos gregos, árabes e latinos (...) e no estudo da Anatomia poderás adquirir conhecimento perfeito do organismo humano.
Durante algumas horas do dia deves também examinar os santos livros: primeiro, em grego, o Novo Testamento e as cartas dos Apóstolos; depois, em hebreu, o Antigo Testamento."
Rabelais, Gargântua e Pantagruel
Francesco Petrarca
A paixão pela Antiguidade Clássica
"As recordações, os gestos, os nomes ilustres dos autores antigos causam-me uma imensa alegria e considero de tal modo admirável o seu tesouro que, se o mundo pudesse saber, admirar-se-ia que eu tivesse tal prazer em conversar com os mortos e tão pouco com os vivos.
À tarde volto para casa e entro na minha biblioteca. Retiro o meu fato de todos os dias e visto-me como para comparecer nas cortes e diante dos reis. Vestido como deve ser, entro nas cortes antigas dos homens de outrora. Recebem-me com amizade junto deles (...). Sem falsa modéstia eu ouso conversar com eles e perguntar-lhes o motivo das suas acções e a sua humanidade é tão grande que me respondem e durante quatro longas horas não sinto qualquer aborrecimento, esqueço todas as misérias, não receio a pobreza, a morte já não me amedronta. Permaneço inteiramente com eles."
Francesco Petrarca, Cartas Familiares
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Erasmo de Roterdão
Erasmo, humanista holandês do século XVI, é defensor de uma reforma da Igreja e da sociedade baseada na mensagem cristã. A sua obra mais importante, o Elogio da Loucura, de linha reformista, é uma crítica da sociedade da época, incluindo a Igreja. A sua vocação pedagógica está patente na sua epistolografia, composta por mais de 300 cartas. Homem culto e cosmopolita, mantém correspondência com os principais génios da sua época.
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Erasmo critica a sociedade
LV - (...) Há já algum tempo que desejava falar-vos dos reis e dos príncipes (...). Imaginai agora um desses príncipes, tal como frequentemente se vêem. Ignora as leis, é hostil ao bem comum e apenas se ocupa com os seus interesses; entrega-se aos prazeres, odeia o saber, a independência e a verdade, troça do interesse público e possui como única lei a cobiça e o egoísmo. (...)
LVI - Que direi agora dos cortesãos? Nada há de mais vil, servil e idiota, do que a maioria dessa gente que, apesar disso, pretendem em toda a parte o primeiro lugar. Há apenas um ponto em que são muito modestos. Contentam-se em usar o ouro, as pedrarias, a púrpura e os diversos distintivos da sabedoria e da virtude, mas deixam que sejam os outros a praticá-las. (...) Acotovelam-se para mais se aproximarem do rei, ambicionando apenas um colar mais pesado, que mostre ao mesmo tempo a sua força e a sua opulência.
LVII - Rivais dignos dos príncipes, os soberanos pontífices, os cardeais e os bispos chegam mesmo a ultrapassá-los. (...) Hoje em dia (...), apenas se preocupam em apascentar-se a si próprios, deixam o cuidado do rebanho a Cristo e aos que chamam irmãos e vigários. Esquecem que a palavra bispo significa trabalho, vigilância, solicitude. Servem-se apenas de tais qualidades quando pretendem receber dinheiro, abrindo então os olhos.
Erasmo de Roterdão, O Elogio da Loucura. 1511
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sábado, 12 de janeiro de 2008
Lourenço de Médicis, um Mecenas de Florença
Lourenço, o Magnífico (segundo pintura de Vasari), pertencia à poderosa família dos Médicis, senhores
de Florença. Mecenas do Renascimento, fez da sua cidade um centro do humanismo e da arte renascentista. Grande protector das letras, das artes e das ciências, fez de Florença, a capital intelectual da Europa na 2.ª metade do século XV.
"Lourenço de Médicis tinha adornado os jardins da Praça de São Marcos com belas estátuas antigas. (...) Favoreceu sempre os grandes génios, particularmente (...) aqueles que, demasiados pobres, não tivessem podido consagrar-se ao estudo do desenho, assegurava os meios de vida e vestuário e concedia grandes recompensas aos que entres eles realizavam os melhores trabalhos.
Giorgio Vasari, Vidas, 1555-1568
Mecenato - Apoio às artes, letras e ciências por parte de homens ricos ou governantes. A palavra teve origem no nome de um conselheiro do imperador romano Augusto - Mecenas - que desenvolveu uma notável acção cultural.
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A Educação Renascentista (I)
"Que o cortesão seja, além de nobre, homem de bem, isto é, prudente, bom, corajoso, confiante, belo e elegante (...). Que o perfeito homem da corte seja alegre, saiba jogar, dançar, saltar e correr, que se mostre homem de espírito e seja discreto.
Deve conhecer não só o latim mas também o grego (...). Deve saber escrever em verso e em prosa. Louvá-lo-ei também se souber línguas estrangeiras, principalmente espanhol e francês, que estão muito divulgadas em Itália. Precisa igualmente de saber música, não só ler a partitura, mas também tocar vários instrumentos (...) Deverá cultivar a arte do desenho e da pintura.
Baltazar Castiglione, O Cortesão, 1528
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Valorização da cultura greco-romana
O mundo volta a si como se despertasse de um grande sono. Contudo, há ainda certas pessoas que resistem, agarrando-se de pés e mãos, à sua antiga ignorância. Temem que, se as letras antigas renascerem e o mundo se tornar culto, venha a demonstrar-se que nada sabiam. (...) Ignoram até que ponto os antigos foram sábios, que grandes qualidades possuíam Sócrates, Virgílio, Horácio e Plutarco. Ignoram que a história da Antiguidade é rica em exemplos de verdadeira sabedoria.
Erasmo de Roterdão, Cartas, 1527
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O Homem, centro do Mundo
representando as proporções do corpo humano
Deus escolheu o Homem (...) e, colocando-o no centro do mundo, disse-lhe: (...) Tu, que nenhum limite constrange, de acordo com a livre vontade que colocámos nas tuas mãos, decidirás dos próprios limites da tua natureza. Colocámos-te no centro do mundo para que daí possas observar facilmente as coisas, (...) para que, por teu livre arbítrio, como se fosses o criador do teu próprio modelo, tu possas escolher e modelar-te da forma que preferires.
Pico della Mirandola, Sobre a Dignidade do Homem, século XV
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